Harelli achava que finalmente havia encontrado o homem da sua vida. Carinhoso, atencioso, que lhe mandava flores, ligava sempre para dar bom dia, boa tarde e boa noite e outras coisinhas mais. Ou seja, fazia de tudo para lhe agradar. Harelli também correspondia da mesma maneira (só não mandava flores). Como já eram amadurecidos o bastante, depois de alguns meses de namoro resolveram assinar o contrato de convivência.
Mas alguns meses passados após as juras de amor eterno, eis que surge um novo homem. Pelo menos só agora se apresentava. Aquele homem atencioso e apaixonado nada mais tinha a ver com o cara chato, cheio de manias e péssimos hábitos com quem Harelli estava casada. Mas de fato, Harelli também já não era a mesma mulher dos meses antes do enlace.
Harelli era do tipo metódica. Gostava de tudo em ordem e também era cheia de manias. Tinha mania de limpeza, gostava de tudo minimamente limpo e organizado. Caixinha disso, caixinha daquilo, não suportava banheiro sujo e outras coisas mais. Portanto, não podia admitir salpicar comida toda vez que ia ser servir, não retirar o prato após a refeição feita, deixar roupas, cuecas e meias espalhadas pelo chão, latas de cervejas entulhadas pelo carro e etc...
Cabia sempre à Harelli a manutenção da casa em geral. Desde o supermercado até à festa para os amigos dele. Até que ela foi percebendo que se sentia melhor quando ele não estava por perto. E talvez ele sentisse o mesmo.
Começou a relembrar dos tempos de solteira quando saía com as amigas e ficava pensando no motivo pelo qual sempre estava solteira. Os relacionamentos nunca duravam tanto. Começou a pensar onde estava o erro. Começou a pensar que os homens sempre querem uma mulher Bombril, que seja mãe, amiga, psicóloga, amante e o diabo a quatro, mas que sempre esteja sempre com um sorriso atravessado no rosto. Ficou por um tempo a pensar: “Por que as pessoas se casam?”.Por que “tornar-se um”, quando a vida de solteiro, pelo menos ao que parece, seria mais fácil?”.
Mas se realmente as pessoas se casam é por algum motivo. Estabilidade, amor, segurança, seja lá qual for o motivo, o fato é que existe um motivo. Harelli então resolveu dar mais uma chance à relação. Mas adotou outra postura. Ao invés de se aborrecer com a desorganização do marido, começou a dar atenção para outras coisas. Ou marcava um encontro com as amigas, ia ler um livro, se matriculava num curso disso ou daquilo. Algo que lhe afastasse da rotina diária da casa. Com o tempo, o marido começou a se incomodar com a bagunça da casa. Nunca achava nada no lugar; não tinha roupas limpas ou passadas quando precisava; a pia sempre abarrotada de louças sujas e todos os outros inconvenientes de uma casa sem nenhuma direção. Este teve que aprender, mesmo que a contra gosto, que para conseguir viver “harmonicamente” uma vida a dois é preciso balancear a equação. Para haver equilíbrio os dois têm que ceder, para que não sobrecarregue um dos lados e ocorra uma verdadeira explosão.
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