quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A ira

Lohana era o próprio ciúme em pessoa. Tinha ciúme das amigas, da mãe, do pai, dos irmãos, das próprias coisas. Do namorado então nem se fale. Este, aliás, fora apresentado por uma amiga em uma festa de aniversário. Depois de alguns meses de relacionamento, os dois decidiram se casar.

Lohana era uma mulher dependente emocionalmente do marido. Era formada, trabalhava,, tinha um ambiente familiar amparador, mas era totalmente carente. Era um grude total. Tudo ela queria “fazer junto”. Se as amigas a convidavam para algum programa, recusava, pois preferia ficar com o marido. Isso no inicio do relacionamento era ótimo, pois se ele se sentia o próprio vendo que a namorada preferia a ele do qualquer programa. Mas com o passar do tempo Lohana se tornou altamente controladora e neurótica. Desconfiava de tudo e todos.

Começou a controlar todas as saídas do marido. Se este ia ao jogo de futebol, fazia uma ficha completa contendo local, horário de início e final, lista dos amigos que iriam o acompanhar, horário estipulado para chegar em casa, etc. Se este chegasse 10 minutos depois do combinado já seria motivo para ele dormir no sofá. Se demorasse mais ainda provavelmente o apartamento viraria um próprio ringue de vale-tudo. Bar com os amigos no final de semana nem pensar. Era apenas um motivo para sair e paquerar outras mulheres. Mas o maior terror de Lohana eram as amigas do marido. Estas sim eram capazes de tirá-la completamente do sério e a um passo de torná-la uma homicida. Partia da filosofia de que homem não tem amigas e que homem só chama de amiga aquela que ele não levou para a cama, mas ainda tem vontade de levar ( ou as vezes até chegou a levar, afinal nem homens nem mulheres são santos). E no caso de Lohana era complicado, pois este tinha uma ampla lista de amigos na qual a maior parte era do sexo feminino.

Todo o ciúme tornou Lohana uma mulher azeda. Por qualquer motivo estava de cara amarrada. No trabalho, a atitude não mudava. Estava quase sempre irritadíssima, parecendo um vulcão prestes a entrar em erupção. Para os amigos era óbvio que Lohana precisava seriamente de uma terapia para aprender a controlar seus impulsos. Mas talvez esta fosse a maior terapia para ela: descontar toda a raiva em cima do marido armando escândalos e quebrando toda a casa.

O fato é que quanto mais se teme mais evoca as situações. Com as constantes crises de Lohana, seu marido começou a se aproximar mais de uma colega de trabalho. Cansado das constantes brigas encontrou aquele ombro amigo naquela colega que estava ali diariamente do seu lado. E com o tempo foi inevitável. Começou a ver na colega tudo o que lhe fazia falta em Lohana: o diálogo, o companheirismo, a compreensão e não tardou a pedir a separação.

Para Lohana foi um tremendo choque. Principalmente pelo fato de ter sido comparada e trocada. E não existe nada pior do que a comparação. Ela rogou uma tremenda praga aos dois: que mais cedo ou mais tarde a mesma situação acontecesse a um dos dois para sentirem na pele toda a ira que estava sentindo naquele momento.

Sua desconfiança com os homens só aumentou. Não consegue mais se envolver seriamente com ninguém. Sempre tem a sensação de estar sendo passada para trás. A terapia da qual precisava nunca procurou. Prefere ir levando a vida como sempre levou: feito um barril de pólvora prestes a explodir.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Em busca do equilibrio

Harelli achava que finalmente havia encontrado o homem da sua vida. Carinhoso, atencioso, que lhe mandava flores, ligava sempre para dar bom dia, boa tarde e boa noite e outras coisinhas mais. Ou seja, fazia de tudo para lhe agradar. Harelli também correspondia da mesma maneira (só não mandava flores). Como já eram amadurecidos o bastante, depois de alguns meses de namoro resolveram assinar o contrato de convivência.

Mas alguns meses passados após as juras de amor eterno, eis que surge um novo homem. Pelo menos só agora se apresentava. Aquele homem atencioso e apaixonado nada mais tinha a ver com o cara chato, cheio de manias e péssimos hábitos com quem Harelli estava casada. Mas de fato, Harelli também já não era a mesma mulher dos meses antes do enlace.

Harelli era do tipo metódica. Gostava de tudo em ordem e também era cheia de manias. Tinha mania de limpeza, gostava de tudo minimamente limpo e organizado. Caixinha disso, caixinha daquilo, não suportava banheiro sujo e outras coisas mais. Portanto, não podia admitir salpicar comida toda vez que ia ser servir, não retirar o prato após a refeição feita, deixar roupas, cuecas e meias espalhadas pelo chão, latas de cervejas entulhadas pelo carro e etc...

Cabia sempre à Harelli a manutenção da casa em geral. Desde o supermercado até à festa para os amigos dele. Até que ela foi percebendo que se sentia melhor quando ele não estava por perto. E talvez ele sentisse o mesmo.

Começou a relembrar dos tempos de solteira quando saía com as amigas e ficava pensando no motivo pelo qual sempre estava solteira. Os relacionamentos nunca duravam tanto. Começou a pensar onde estava o erro. Começou a pensar que os homens sempre querem uma mulher Bombril, que seja mãe, amiga, psicóloga, amante e o diabo a quatro, mas que sempre esteja sempre com um sorriso atravessado no rosto. Ficou por um tempo a pensar: “Por que as pessoas se casam?”.Por que “tornar-se um”, quando a vida de solteiro, pelo menos ao que parece, seria mais fácil?”.

Mas se realmente as pessoas se casam é por algum motivo. Estabilidade, amor, segurança, seja lá qual for o motivo, o fato é que existe um motivo. Harelli então resolveu dar mais uma chance à relação. Mas adotou outra postura. Ao invés de se aborrecer com a desorganização do marido, começou a dar atenção para outras coisas. Ou marcava um encontro com as amigas, ia ler um livro, se matriculava num curso disso ou daquilo. Algo que lhe afastasse da rotina diária da casa. Com o tempo, o marido começou a se incomodar com a bagunça da casa. Nunca achava nada no lugar; não tinha roupas limpas ou passadas quando precisava; a pia sempre abarrotada de louças sujas e todos os outros inconvenientes de uma casa sem nenhuma direção. Este teve que aprender, mesmo que a contra gosto, que para conseguir viver “harmonicamente” uma vida a dois é preciso balancear a equação. Para haver equilíbrio os dois têm que ceder, para que não sobrecarregue um dos lados e ocorra uma verdadeira explosão.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A cobiça

Sally era um misto de encanto e malícia. Estava no auge de seus 19 anos e estava acostumada a possuir o que queria, principalmente quando se tratava de homens. Como era demasiadamente atraente, em geral não havia homem que a resistisse.

Neste mesmo período estava entrando na faculdade. O clima era de total euforia. 50 pessoas que nunca (ou quase) tinham se visto agora iriam conviver diariamente por 4 anos. É claro que muitos desistiram pelo caminho. No segundo ano, já contavam pelo menos 40 alunos na turma, pois muitos haviam passado em duas faculdades e depois acabaram por largar o curso. Era o caso de Sally. Mas ela tinha decidido que levaria as duas, o que de fato foi praticamente impossível, pois a vida não é uma estrada reta e sem obstáculos. Ao final do segundo ano, os estudos apertaram e ela teve que optar. Então decidiu largar um de seus cursos por 6 meses e depois faria a mesma coisa na outra para retomar.

Ao passar o semestre, Sally voltou como havia planejado. Mas um acontecimento que não estava no script pegou-a de surpresa. Logo no seu primeiro dia de aula, ao adentrar a sala e olhar o ministrante da aula, seus olhos brilharam. Apaixonou-se à primeira vista pelo seu professor. Ele nada tinha de tão espetacular fisicamente. Era baixinho, aparentava estar batendo à porta dos 40, mas tinha um jeito encantador. E não encantava apenas Sally, mas a maioria das outras alunas. Mas o príncipe já havia montado seu castelo. Era casado e tinha uma linda e adorável filha. A esposa também era professora do mesmo departamento, que deixava Sally em uma situação constrangedora. A cada aula sentia algo lhe espetar. Talvez fosse o bichinho da dor de cotovelo. Como aquele homem poderia nem a notar, pelo menos da maneira que ela esperava?

Resolveu investir na conquista. Se dedicava amplamente àquela disciplina para obter excelentes resultados, como maneira de chamar a atenção. De nada adiantou, aquele homem sempre parecia sério demais. Elogiava apenas pela questão de mérito, assim como elogiava aos outros alunos que obtivessem bom desempenho. Resolveu apelar mesmo para o que sempre teve de mais atraente: sua beleza física. Maquiagem, unhas feitas, cabelos em ordem, saltos, mini-saias, decotes, etc...

Nada. Aquele homem parecia insensível às suas investidas. Se a notava, fazia questão de nada demonstrar. E talvez fosse aquele desprezo que atraísse cada vez mais o interesse de Sally por aquele homem. Mas todas as suas tentativas foram fracassadas. Ao decorrer do tempo começou a dar-se por vencida. Mas ainda sonhava com o dia com que ele pudesse acalentar seus desejos.

O semestre acabou e no seguinte a esposa foi a professora de uma das disciplinas. Sally começou a adquirir respeito por aquela mulher e a idéia de destruir um lar, uma familia ou um amor começou a lhe incomodar. Se aquele homem era realmente fiel à sua esposa não poderia afirmar, mas certamente esforçava-se para ser.E Sally foi obrigada a entender que nem sempre querer é poder.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Mulheres Perfeitas

*Este post foi escrito originalmente em 08/01/08. É baseado no filme de mesmo título.

Ashley era uma mulher bem sucedida. Formada, pós-graduada, tinha um bom emprego o que lhe garantia segurança e estabilidade. Dedicou sempre o seu tempo em busca de realização profissional e pouco se dedicava ao seu casamento. Filhos nem pensar, correria o risco de conviver com estranhos de seu próprio ventre.

Tudo corria "tranqüilamente" até que um dia lhe surgiu algo um tanto inesperado: uma súbita demissão. Seus superiores declararam que seu trabalho era bom, mas estaria trazendo certos inconvenientes à empresa. Ashley levou alguns segundos para voltar a si. Na volta para casa veio refletindo sobre todo o caminho que tinha trilhado até aquele momento. Pensou na seu esforço para sempre ser a primeira da sala na época da faculdade. Das noites em claro para conseguir a vaga de pós-graduação. Do empenho para que a empresa estivesse sempre em ordem.
Ali decidiu que não iria mais fazer tudo de maneira tão ordenada e planejada. Claro que não deixaria de ser a mulher responsável que sempre foi. Mas seria mais moderada. Moderada seria a palavra-chave.

Resolveu investir mais no casamento que há bastante tempo já vinha amornando. Mudou-se para uma cidade menor longe do caos urbano. Ao chegar à cidade percebeu que as pessoas pareciam sempre felizes. As mulheres eram "perfeitas". Eram carinhosas, obedientes, sempre com a imagem impecável, ocupavam-se apenas das tarefas domésticas. Ashley logo estranhou todo aquele comportamento. No entanto, achou que poderia ser paranóia sua só porque ela era uma mulher de hábitos urbanos. Resolveu, portanto se adequar. Com o passar do tempo começou a estranhar as saídas do marido e sua demora a voltar. Começou a investigar e encontrou algo que não podia jamais imaginar. Descobriu que seu marido juntamente com os outros maridos da cidade haviam fundado uma sociedade secreta. O objetivo era fazer uma verdadeira transformação no cérebro das mulheres através de lavagens cerebrais tornando-as "doces" e submissas. E Ashley era o próximo alvo.

Seu marido estava cansado de sempre ser deixado de lado e se submeter a seus caprichos e achava ter encontrado uma boa solução. Mas este amava sua mulher e talvez a amasse do jeito que era. Só dependia dos dois para encurtar o fosso que os separavam, principalmente, dependia mais dela já que ele sempre esteve disposto a tentar.

Talvez aqui valha a pena mencionar o pensamento de Aristóteles. É preciso ter equilíbrio para ser feliz. Só através do equilíbrio e da moderação é que podemos nos tornar pessoas felizes ou "harmônicas". Ashley descobriu que trabalhar de menos seria preguiça, mas trabalhar demais poderia ser insanidade.

A tentação

*Este post foi escrito originalmente em 27/12/07 sob o título de "Coisas de mulher (e de homem também)".

Roxy sempre foi uma mulher cabeça feita. Quando criança sempre foi tranquila e preservou esta tranquilidade na adolescência. Namorados, estes podem ser contados a dedo, pois dizia nunca se sentir totalmente segura para se entregar de verdade. Resolveu dar de presente a sua virgindadade com quase 30. Mas desde então passou a nutrir um sonho de consumo: ter um orgasmo.

Realmente ainda há mulheres que talvez nunca tenham experimentado esta deliciosa sensação. E Roxy agora fazia parte deste time. Começou a pensar que a culpa estava no namorado e este começou a padecer com as cobranças de Roxy. Entraram em crise.

Roxy era tímida, mas de fato uma mulher muito atraente. Tinha uma elegância sutil e que realmente não tinha quem não a notasse. Eis então que surge o que seria para ela sua válvula de escape. Escapada mesmo. Seu colega de trabalho bonito, bem sucedido, como diria aquela música do Herva Doce "Moreno alto, bonito e sensual/ Talvez eu seja a solução dos seus problemas...". Pois é, dizem que o pecado mora ao lado, o que de fato não sei, mas se não morava, trabalhava ao lado. E as investidas dele passaram a ser diárias. Roxy ficou tentada.

Entretanto, Roxy não deixara de ser a mulher cabeça feita que era. Pediu conselhos a uma amiga mais experiente sobre como deveria agir diante daquele seu dilema. Esta pela sua experiência logo percebeu que o "problema" de Roxy estava na sua "inexperiência" sexual e aconselhou-a a primeiro se auto -conhecer melhor e até se permitir mais, e que a solução não estaria em sair com um bonitão. Poderia ser trágico. Sentiria-se frustrada tanto por não conseguir o seu propósito quanto por trair o namorado. Roxy seguiu o conselho e sua consciência: não saiu com o bonitão e fez as pazes com o namorado e hoje já planejam até casamento. Se ela conseguiu realizar seu sonho realmente não sei, mas acredito que está a caminho de realizá-lo. Afinal, toda mulher tem os mesmos direitos que os homens.

 

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