sábado, 15 de março de 2008

O reencontro

Claire estava no auge da adolescência quando se apaixonou perdidamente. Uma daquela paixões avassaladoras típicas deste período onde tudo é muito intenso.
Era uma garota extremamente alto astral daquelas para quem não existia tempo ruim. Sempre estava metida no meio dos adultos, pois estes adoravam a sua alegria de viver que colocava qualquer um para cima.
Mas tudo pareceu mudar quando conheceu aquele a quem ela pensava ser o seu príncipe encantado. De inicio parecia ser um homem encantador, mas com o tempo foi mostrando sua verdadeira face: um homem extremamente ciumento e controlador. Daquele tipo que controlava desde a roupa a agenda do celular.
Claire não suportava aquelas atitudes as quais nunca tinha tolerado em nenhum de seus relacionamentos anteriores, mas pela intensa paixão submetia-se aos caprichos do namorado. Com o tempo a Claire de antes já quase não existia. Saia pouco, já quase não se arrumava dedicando-se para o relacionamento quase que exclusivamente. Mal sabia que ali residia seu grande erro.

O trabalho dele envolvia viagens e portanto, as vezes passava o final de semana fora. Mas com o passar do tempo as viagens pareceram se tornar mais freqüentes do que o normal. Quando ligava para ele nunca estava em casa. Como não se dava com a familia dele não tinha nem como saber de algo e a situação não tardou a piorar.
Antes ele ia a ver quase todos os dias e quase não largavam ao telefone falando um com o outro. Passado o tempo sempre inventava uma desculpa para não a ver. E assim foi. Ia, as vezes sim, as vezes não até que chegou o momento em que ele não apareceu mais.

Claire entrou em depressão. Nada parecia lhe conferir sentido. Ficava imaginando o que havia feito de errado para que ele a abandonasse desse jeito, sem oferecer nenhuma explicação. Telefonava, mandou cartas e nada. Chegou até ao ponto de ir à casa dele mas não o encontrou. Passou vários meses em profunda melancolia e pensando que sua vida tinha acabado ali.

Com tempo foi recuperando a auto-estima, principalmente por ter conhecido outra pessoa que a ajudou a curar a ferida aberta, mesmo assim ela ainda nutria o sonho de que um dia ele aparecesse pedindo perdão e que recomeçassem novamente. O que de fato era mera ilusão. Nunca mais o viu.

Quase uma década se passou e num daqueles encontros casuais andando pela rua deparou-se com aquele sujeito o qual quase não reconheceu, mesmo sabendo que era ele, pois nunca esqueceria aquele rosto. Ele passou por ela e obviamente teve a mesma sensação. Pensou em cumprimentá-lo mas não teve coragem. Deixou passar. Toda a história lhe voltou à cabeça. Ficou entre a cruz e a espada. Sentiu o desejo de chamá-lo e mostrar o quanto havia amadurecido e que não era mais aquela adolescente boba, mas ao mesmo tempo jamais deixaria-se passar por situação análoga. Perdoar, talvez. O tempo sempre ajuda a esquecer. Mas de fato, esquecer, nunca esqueceu.
Perdoar torna-se até fácil, mas esquecer, jamais.

4 comentários:

Unknown disse...

Gostei deste conto, pois mostra bem a enorme capacidade das mulheres de quererem quem não lhes quer. Engraçado que até parece que estas coisas (o querer) ocorrem de forma inversamente proporcional, ou seja, quanto menos lhes dão bola, mais elas querem!
Uma pitadinha de amor próprio ia bem para quem age assim, não concorda M. Poison??? :)

Madame Poison disse...

Não sei por que percebi uma pitada de ironia neste seu comentário, Mr. Salgado...

Unknown disse...

Imagina, nem pensei nisso minha bela! :)

Madame Poison disse...

Sei...

 

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