Sou uma pessoa que gosta de ouvir. Talvez não porque exatamente goste, mas talvez por ânsia de tentar entender a isto que denominamos "espírito humano". Bobagem, eu sei. Ninguém compreendeu até hoje e pelo andar da carruagem, nunca ninguém entenderá em sua plenitude.
Em minhas andanças pelo mundo (sim, pelo meu mundo) sigo como Heródoto em suas peregrinações pelo Oriente: ouvindo histórias e mais histórias. Estas anoto em um fino papiro chamado memória. E tem uma história que é sempre recorrente em tantos desabafos: a de como é difícil lidar com pessoas.
E nestas horas me vem uma estúpida interrogação: é possível neste mundo não lidar com pessoas?
Tudo bem, eu sei que muitos filmes de ficção científica já profetizaram que o futuro será dominado por máquinas. Mas até lá meu bem, são pessoas que temos que lidar, paciência!
Pessoas também dão bugs, vêm com chips defeituosos e nenhum selo de garantia. Ahhh, bom seria se pudéssemos nos reprogramar (coisa que nem no Inteligência Artificial era possível). Se não presta, não serve mais, descarte!
Admito que as pessoas possam ser importantes à sua maneira. Aquela vizinha fofoqueira pode ser a prova de que você é uma pessoa melhor; ou aquele seu amigo caloteiro serve como inspiração para você sempre honrar seus compromissos; e por ai vai...
Porém, bom seria se realmente começássemos um movimento de "descarte". Sim, descartar o que não nos serve, numa espécie de sessão do desapego. E claro, o que você achar que ainda serve, pode ser reaproveitado, customizado, ganhando assim uma nova cara, renovando os ares.
Claro que estou a falar de roupas que já não servem, sapatos gastos e outros tantos cacarecos que acumulamos por uma vida dentre os quais coisas que já tiveram sua vida útil entre outras tão inúteis que guardamos pelo simples apego. É preciso separar o que serve do que não mais serve. Esvaziar os espaços e sacudir o pó. Renovar é a palavra.
E porque não fazermos essa faxina geral com as pessoas? Sim, separar aquelas de maior valor daquelas que são apenas entulhos. Sabemos, obviamente, que uma boa faxina dá um senhor trabalho, exigindo muita disposição. A bagunça será grande, pois é preciso pôr tudo abaixo e limpar peça por peça. Certamente você encontrará "coisas" perdidas que você nem lembrava mais que tinha. Coisas de tanto valor perdidas por entre tantas e tantas tralhas.
É possível que após toda essa limpeza sobre pouca "coisa" e até lhe dê uma dó de descartar coisas pelas quais você tinha o maior apego. Mas ao final de toda esta empreitada, o ambiente ficará limpo, perfumado, com tudo no seu devido lugar. Prontinho para uma nova etapa de uso e quem sabe, para receber novas peças.