domingo, 21 de dezembro de 2008

A virada

Holly sempre foi de cultivar longos relacionamentos. Aliás, não foram muitos, apenas um. No começo, até era uma garota namoradeira, pegadora mesmo, daquelas de atitude. Porém, isso não passou de uma fase colegial. E já com 17 engatou seu primeiro namoro "sério" e desde então não largou mais.
Conhecera por intermédio da familia. Era um rapaz cinco anos mais velho, primo de uma amiga sua. Daí já viu. Viviam a se encontrar em qualquer evento familiar. Isso até virou uma desculpa. Ah, se os cantinhos da casa falassem...Pois bem. A euforia com o tempo foi cedendo e o clima rotineiro começou a ganhar espaço. Tudo faziam juntos até que chegou o momento que nada mais parecia ter graça. Ela que então acabara de completar a maioridade se sentia enfadada, como se estivesse perdendo um tempo bom e único da sua vida presa a um relacionamento que a impedia de viver as "boas" coisas da vida.
Evidentemente, ele também sentia o mesmo. Porém, como para homem as coisa as vezes parecem mais simples, este sempre dava um jeitinho de escapulir. Assistir o jogo com os amigos, o barzinho do final de semana e todas aquelas atividades masculinas que mulher odeia só de pensar.
Toda a monotonia conjugal acabou por tornar Holly o pilar do relacionamento. Se as coisa iam pior do que o convencional , ela sempre buscava uma maneira de amenizar as coisa para que tudo não desmoronasse de vez. Isso acabou por acostumá-lo mal, pois não o fazia tomar atitudes para melhorar a convivência e apenas a ir empurrando com a barriga.
A situação ia se arrastando a banho-maria quando ele conheceu Mariana. Garota boa pinta, jeitosinha, do tipo arrasa quarteirão. Deixou-o louco. Tão louco que não hesitou em pôr um fim ao relacionamento com Holly. Obviamente que ele não entrou com carrão de sena. Chegou com aquela conversinha mole de que precisava de um tempo para colocar algumas coisas em ordem, que um tempo seria bom para os dois, e demais lenga-lengas do gênero.
Para Holly era a gota d'água. Estava cansada daquela situação. E para espanto dele, ela aceitou com um ar quase natural de "é...é melhor mesmo". Afinal, eram quatro anos. E ela sentia a necessidade de respirar.
Não demorou nada e ela resolveu aproveitar o que tinha deixado passar e logo no primeiro dia tomou porre daqueles. Encheu a cara num misto de raiva e alívio. Raiva por sentir que tinha perdido um bom tempo em relacionamento sem futuro e alívio por ter tempo ainda para recomeçar e viver o que ainda não tinha vivido. Sair com as amigas, conhecer outros homens, viajar, badalar e tudo o mais que tivesse direito.
A atitude de Holly o tomou de supetão que o fez repensar sua decisão. Como poderia ela aceitar dessa forma, logo ela que sempre era quem corria atrás, a primeira a dizer que era necessário tentar mais uma vez, a não jogar uma história fora.
Percebeu que desta vez seria de vez. Iria perdê-la. E este sentimento o fez entrar em parafuso. Não conseguiu controlar o desejo de possuí-la novamente, saber e sentir que ela era dele, e só dele. E este sentimento egoísta, de posse, o fez tomar uma atitude. Talvez a primeira do decorrer de toda esta história: pediu-a em casamento. E pra já. Tão logo pudesse. Antes que ela pudesse tomar gosto pela vida de solteira. Ela claro, bancou a durona só para ter o gostinho de vê-lo implorar para que ela aceitasse. Mas é claro que era tudo o que ela mais queria.
No final das contas, Holly reverteu o jogo e se viu satisfeita com o resultado. Talvez nunca tivesse atentado para o imenso poder que as mulheres possuem de manipulação. E isso tornara-se perigoso, porque agora sabia que possuía a faca e o queijo na mão e como se sabe, num descuido, poderia vir a machucar-se, pois o feitiço sempre pode vir a virar-se contra o feiticeiro.
 

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